Liderança: necessidade de valores para seguir adiante Sabe-se que as organizações são idealizadas para que se perpetue, quem sabe, por gerações. Mas para que isso aconteça não basta apenas estabelecer uma visão clara e divulgá-la pelo marketing interno e externo para que todos a reconheçam. Mais do que isso, é necessário torná-la uma aspiração a fim de mobilizar a todos para sua plena realização. Quando se usa a palavra aspiração tem-se um propósito específico: mais que um exercício cognitivo, apresenta um forte componente emocional. Especialistas da área motivacional vêm afirmando que não é possível um presidente ou CEO assumir seu papel de “líder heroico”, que maneja seu negócio “com suas próprias mãos em direção ao sucesso”, sem uma concisa e preparada equipe na liderança, ciente da importância de seu papel junto aos colaboradores, pois é preciso levar em conta o longo processo de desenvolvimento para construção de princípios e valores sólidos. É necessário que o líder tome consciência dos seus próprios valores, que, por consequência, produzem um caráter gerencial distinto. Alguns são mais estrategistas, outros mais analíticos, outros influenciadores e outros criativos e inovadores. Os líderes que usam a abordagem do estrategista são motivados pelo poder e reconhecimento. No relacionamento interpessoal, são assertivos e decididos. Para eles, pensar numa estratégia vencedora é a sua maior prioridade. Por consequência grande parte do tempo é dedicado a assuntos relativos às operações externas da organização - clientes, concorrentes, avanços tecnológicos e tendências de mercado - em oposição aos assuntos internos, como contratação de pessoal ou sistemas de controle. Já os líderes de caráter mais analítico, se revelam no desejo de controlar recursos e na busca da estabilidade. No relacionamento interpessoal, são educados e têm postura executiva. Procuram criar um clima formal e estruturado nas organizações. Sua principal preocupação é criar um sistema eficiente, que proporcione aos clientes uma experiência consistente e sem riscos, por isso, como consequência, eles mantêm a estrutura e o fluxo de trabalho. Além disso, dedicam muito de seu tempo ao desenvolvimento detalhado de políticas, procedimentos e recompensas para reforçar os comportamentos desejados. Os influenciadores valorizam a colaboração, à formação de times vencedores e a manutenção de altos padrões de desempenho. No aspecto interpessoal, são abertos, calorosos e amigáveis. Assim, criam um clima interno confortável e cordial. Sua prioridade principal no cargo é contratar e desenvolver pessoas. Provavelmente, passam a maior parte de seu tempo em atividades relacionadas a Recursos Humanos, como recrutamento e seleção, avaliações de desempenho e planejamento de carreira. Para eles, a execução superior do trabalho é um imperativo, e isto depende de indivíduos que ajam com inteligência, rapidez, e apropriadamente, sem supervisão constante. Enfim, os inovadores têm como principais valores o conhecimento e a imaginação. Nos aspectos interpessoais, são brilhantes, curiosos e entusiastas, por isso, tendem a formam um ambiente que leve à aprendizagem e experimentação. Diferentemente dos estrategistas, focam mais no processo do que no resultado. É esperado deste líder uma preocupação em promover mudanças. Para alcançar seus objetivos, prestam atenção especial à reformulação dos sistemas de avaliação e de recompensas da organização. Tanto esta forma de percepção do papel de líder, como outras correlatas, certamente não afirma que há um estilo melhor de liderança, nem tão pouco rígido, porém oferecem uma base para se compreender como o caráter gerencial influencia diretamente na produtividade e no comprometimento dos grupos de trabalho. Estudos indicam que os presidentes e sua liderança têm maior eficácia quando seus valores e características são mais parecidos com os valores da organização. O sucesso da liderança depende da ação em acordo com os valores endossados pelo grupo. Em outras palavras, as pessoas somente seguirão pessoas que lideram quando seus valores básicos estão alinhados com seus próprios valores, afinal, liderança é uma atividade relacional, que se dissolve quando não há o compartilhamento destes na relação líder-seguidor.