Psicologia positiva: o que é, fundamentos, técnicas e benefícios A psicologia positiva é uma das novas ciências por trás do estudo do comportamento humano. Ao entender como se tornar verdadeiramente feliz, a pessoa pode focar nas qualidades positivas da vida — inclusive no ambiente de trabalho. Muito além de consultórios, a psicologia positiva já é estudada e aplicada em consultorias, processos de coaching e demais tipos de treinamento e capacitação. Ok, e como a psicologia positiva se encaixa no ambiente de trabalho? Nós vamos explicar em detalhes, mas saiba que ela pode ser responsável por melhorar o clima organizacional, potencializando a colaboratividade das equipes. A psicologia positiva é o estudo científico “daquilo que faz a vida valer a pena”. Sua abordagem a pensamentos, sentimentos e comportamentos possui foco nas forças de uma pessoa — em vez de focar em suas fraquezas. O objetivo da psicologia positiva é ajudar as pessoas a construírem uma realidade boa para elas mesmas, ao contrário de outros métodos que buscam focar no passado e somente consertar aquilo que é considerado “ruim”. Em sua aplicação prática, a disciplina busca focar nos eventos positivos que influenciam a vida das pessoas, como: Experiências positivas: aquilo que lhes traz felicidade, que lhes inspira e suscita o amor. Estados positivos: situações que geram gratidão, sentimento de resiliência ou compaixão. Instituições positivas: os princípios positivos que aplicam nas organizações em que estão envolvidas — incluindo seu trabalho. Como um campo da psicologia, essa disciplina se preocupa em entender a força de caráter, a felicidade, o bem-estar, a gratidão, a compaixão, a autoconfiança, entre muitos outros aspectos bons da vida. Qual é a origem da psicologia positiva? A origem da psicologia positiva pode ser mapeada desde a década de 1950, no pós-Segunda Guerra Mundial, com a abordagem humanista que começou a se espalhar na psicologia, com intuito de tratar traumas, comportamentos anormais e doenças mentais. Esse foi o panorama da psicologia durante décadas, até que a disciplina positivista começou a dar as caras no fim da década de 1990. No entanto, falta conhecer o nome por trás dessa revolução: Martin Seligman, psicólogo americano, que é até hoje professor universitário e também foi presidente da Associação Americana de Psicologia. Apesar do termo ter sido originalmente cunhado por Abraham Maslow, outro psicólogo americano, foi Seligman quem aprofundou os estudos. Por meio de métodos científicos, Seligman criou uma teoria sistêmica sobre o porquê de as pessoas felizes serem de fato felizes. Quais são os fundamentos da psicologia positiva? Esta vertente busca se aprofundar nos princípios por trás da felicidade das pessoas. Ao aplicá-la, enfatiza-se o desenvolvimento da inteligência emocional, bem-estar e alegria do indivíduo. Referente aos pilares, já explicamos os 3 principais (e ainda vamos voltar a eles logo em seguida). No entanto, em seu próprio trabalho, Seligman viu que existe certo padrão para o bem-estar. Nesse sentido, ele propôs o modelo PERMA para explicar e definir o bem-estar em um sentido mais amplo. Confira: P – Positive emotions (Emoções positivas): Emoções positivas podem surgir em vários momentos, como quando se é grato quanto a eventos passados ou capaz de se divertir no momento presente e mesmo ao ser otimista sobre o futuro. E – Engagement (Engajamento): Para melhorar o bem-estar, também é importante desenvolver um senso de engajamento com as atividades que se pratica. Essa sensação é responsável pelo “fluxo” (que Csikszentmihalyi criou), que diz respeito à sensação de ser suficiente para cumprir um objetivo ou encarar um desafio específico. R – Relationships (Relações): Como seres sociais, os indivíduos geralmente dependem da construção de conexões com outras pessoas para prosperar, e o apoio que derivamos dessas conexões pode dar propósito e significado à vida. M – Meaning (Significado): Experimentar emoções positivas não é suficiente para levar uma vida feliz. É necessário encontrar o significado da felicidade, servindo a uma causa maior — como uma ação de caridade, por exemplo. A – Accomplishment (Realização): É o sentimento que se busca ao alcançar objetivos e atingir o “sucesso”. É a sensação que impulsiona as pessoas e contribui para o verdadeiro bem-estar. Quais os 3 pilares da psicologia positiva? Como mencionamos, os princípios da psicologia positiva são resumidos em três. Na introdução do assunto, explicamos de forma breve, mas saiba que são três níveis: subjetivo, individual e em grupo. Que tal conhecê-los? Experiência subjetiva A experiência subjetiva concentra-se em sentimentos de felicidade, bem-estar e otimismo, e como esses sentimentos transformam a experiência da pessoa em seu dia a dia. O “subjetivo” é óbvio: falamos de sentimentos, coisas abstratas que são difíceis de mensurar e quantificar. Características individuais As características individuais voltam-se às virtudes e forças pessoais, como resiliência, talento, capacidade de afeto e habilidades interpessoais. Ou seja, são traços positivos que as pessoas desenvolvem individualmente e acabam se tornando os seus “pontos fortes”. Comunidades e instituições E no nível de grupo, falamos basicamente de comunidades e instituições em que a pessoa está inserida. No caso, pode-se tratar da família do indivíduo, a sala de aula do mesmo e, claro, a empresa em que trabalha. O objetivo é proporcionar uma interação mais positiva com essas comunidades, fortalecendo seus laços sociais e engajando-os em virtudes enriquecedoras, como o altruísmo. Psicologia positiva: a relação com autoestima e ansiedade Uma das grandes contribuições da psicologia positiva é incentivar as pessoas a descobrirem e nutrirem suas forças de caráter. Assim, destaca-se a necessidade de transformar a perspectiva negativa da vida e seus problemas a partir de uma visão mais otimista. Isso se aplica para todas as situações, especialmente àquelas que envolvam a autoestima e também que geram ansiedade. Segundo prega a psicologia positiva, a positividade é uma das principais forças motrizes da vida. Em nosso dia a dia, é como experimentarmos experiências e situações de todos os tipos: boas ou ruins. Porém, muitas vezes, parece mais fácil se concentrar nos resultados negativos, ignorando o efeito das coisas boas — que podem servir para remediar as ruins. Uma das aplicações da psicologia positiva é justamente focar nesse último ponto, de modo a levar a pessoa a se voltar àquilo que é positivo em sua jornada. Desse modo, é possível trabalhar o bem-estar, desenvolvendo emoções e comportamentos positivos que amenizem (e, no melhor dos casos, mitiguem) sintomas como ansiedade e problemas de autoestima. As principais técnicas de psicologia positiva E como aplicar a psicologia positiva? Bom, a primeira dica é buscar um profissional certificado, graduado e com especialização no tema. Porém, como qualquer exercício, é possível descobrir as suas técnicas para replicá-las em seu dia a dia. Vamos lá? Identifique seus pontos fortes Em quais áreas da sua vida você sabe que se sobressai? Esse é um aspecto essencial da psicologia positiva, em que o foco está naquilo que a pessoa faz de melhor e que a faz feliz. Envie uma carta a alguém a quem você é grato Enviar uma carta de gratidão (ou fazer uma visita) a alguém a quem a pessoa é grata é uma técnica de mentoria baseada na psicologia positiva. O objetivo é explicar à pessoa o porquê do sentimento de gratidão. É uma atitude apreciada pela maioria e que pode servir para potencializar o senso de bem-estar. Escreva um diário de gratidão Manter um diário de gratidão é uma técnica que segue o mesmo princípio da que explicamos acima, mas com objetivo de enaltecer o próprio indivíduo. O objetivo é registrar e refletir sobre tudo de bom que aconteceu em sua vida, bem como às coisas a que é grato. Dispare alertas ao longo do seu dia Essa técnica é conhecida como Experience Sampling Method (ESM) e tem muito a ver com mindfulness. O objetivo é estabelecer alertas aleatórios durante o dia, que servirão para que o indivíduo pause, pense naquilo que está em sua mente e nos sentimentos naquele momento, bem como escreva tudo isso. Aproveite plenamente os momentos de prazer Por fim, o indivíduo deve buscar pelos momentos de prazer e aproveitá-los ao máximo — sem restrições e sem que as preocupações arruinem os bons sentimentos. Desse modo, é possível instigar um estilo de vida mais feliz e completo. Quais os benefícios da psicologia positiva para as empresas? Um dos grandes desafios das empresas hoje é cultivar e enriquecer a sua cultura organizacional. Essa é a base para uma experiência do colaborador de sucesso e que contribua não apenas para o seu ciclo de vida na empresa, mas também para seus resultados. Bom, e como a psicologia positiva pode impactar nas organizações? Sua aplicação pode ter grande efeito na cultura de um negócio, servindo de base para que o bem-estar seja uma bandeira da instituição — um estandarte que funcionários, líderes e demais stakeholders conheçam e pratiquem. Ao focar nas emoções e experiências positivas, as empresas podem abrir a mente de suas equipes e lideranças, aumentando a criatividade e potencializando o foco. Além disso, são práticas que podem instigar os funcionários a adotarem um estilo de vida mais saudável, com maior presença de exercícios físicos e meditação — o que traz benefícios muito além do ambiente de trabalho. Pontos negativos da psicologia positiva Toda disciplina da psicologia, uma hora ou outra, passa por um pente fino de profissionais do campo e estudiosos da área. A aceitação depende de pontos de vistas e experiências realizadas — e o mesmo acontece com a psicologia positiva. De acordo com nota da CRP do Distrito Federal, em que critica a comercialização desmedida de práticas de coaching e psicologia positiva, uma das principais críticas à psicologia positiva é que, quando aplicado desse jeito, há uma deturpação da prática e das técnicas da psicologia. De acordo com a nota: “A polêmica desta situação é que demandas pertinentes ao comportamento humano na vida pessoal viraram campo de atuação, mas com norteamento da positividade sem escrúpulos, discernimento e/ou com preocupações sociais e culturais. […] Voltando ao atual momento de totalitarismo da positividade e de rejeição à negatividade (elemento este que completa a dialética), as promessas de uma vida mais feliz, de cura de doenças mentais (lifecoach), de lucros financeiros (coach financeiro), de emagrecimento rápido com técnicas duvidosas (nutricoach) se tornam seus principais produtos de publicidade (muitas vezes, de forma apelativa).“ Ou seja, para se vender, muitos praticantes se autodenominam coaches e utilizam de conceitos facilmente vendáveis (como a psicologia positiva), o que pode ocasionar prejuízos àqueles que acreditam nesses métodos. Como a psicologia positiva pode ser aplicada no trabalho? E no trabalho, no dia a dia operacional, como unir as responsabilidades operacionais com uma prática tão significativa quanto a psicologia positiva? Existem algumas formas! Uma delas é por meio de programas de treinamento e qualificação, que possam trabalhar individualmente os temas com os colaboradores. Além disso, a empresa pode investir em programas de bem-estar, com práticas de mindfulness, reiki e a realização de exercícios físicos. Assim, é possível desenvolver uma cultura alegre, em que o funcionário entenda, incorpore e desenvolva a psicologia positiva por si só. Assim, ao trabalhar em emoções positivas e em cima de seus pontos fortes, ele pode tornar as relações de trabalho mais significativas.